Você provavelmente em algum momento de sua vida já se sentiu humilhada, atacada e desrespeitada por alguém, porém não teve forças para se defender ou denunciar porque sentiu que somente você conseguia notar as violências nas ações da pessoa que te feria, ao mesmo tempo em que sentia um desconforto e confusão porque essa pessoa, por vezes agia de forma amorosa, educada e simpática com você, te levando ao ponto de você questionar sua sanidade mental.
Se a resposta for sim, você provavelmente foi vítima de abuso psicológico, que se utiliza de micro violências, promovendo ataques constantes e de forma sutil, para dessa forma, minar sua autoconfiança e te desestabilizar.
Esse abusador ou abusadora pode ser alguém com quem você se relaciona de forma afetiva, ou um colega de trabalho, seu chefe, um familiar ou alguém com quem você mantem algum vínculo de amizade, mas independente da forma como vocês se relacionam.
Essa pessoa escolheu abusar de você para mexer com sua subjetividade e te trazer sofrimento psíquico como um meio de atingir algum outro objetivo que só essa pessoa conhece.
Abuso psicológico: abusadores se utilizam das micro violências
Os abusadores tendem a te diminuir de forma gradativa, ao longo do tempo, no seu dia a dia, utilizando-se das micro violências que são parte comum e muito banalizadas do nosso cotidiano.
Essas micro violências, se apresentam por trás de comportamentos considerados sem gravidade e muitas das vezes acontecem em publico, nas rodas de amigos, em formas de brincadeiras ofensiva para você, mas consideradas aceitáveis pelo abusador e se for o caso, aos demais presentes na situação angustiante em que você se encontra.
Então por essa razão você releva, deixa passar porque acredita que seja algo muito pequeno, e que talvez não se repita, e talvez você até atente participar e normatizar a situação para não transparecer incomodo.
Porém com o tempo, o que antes era um comentário depreciativo ou uma simples brincadeira de mal gosto, começa a aumentar, se torna parte recorrente dos momentos que você se encontra na companhia do abusador, e nesse ponto, não importa o quão autoconsciente, forte e segura você possa ser, o ciclo das pequenas violências já te deixou desarmada a ponto de você se recolher, nesse momento você já se encontra sem defesas porque o abusador te desarmou aos poucos, e de forma tão sorrateira que você não pode notar.
Você não nota porque o abusador te confunde
No abuso psicológico, o abusador na maioria das vezes vai jogar com estímulos positivos e negativos para te manipular, ele irá usar a sua personalidade como munição para essa finalidade, ira te elogiar, demonstrar afeto, amizade e ser agradável com você.
Ao mesmo tempo irá te criticar, apontar defeitos em tudo que você faz, te corrigir e te diminuir ao ponto de você se desculpar por ser quem você é, porque ele ataca fundamentos da sua essência, e ele o faz porque ele sabe que confusão te enfraquecerá, e sempre que você o questionar, ele irá se justificar alegando que o faz para o seu bem, ou que você esta exagerando, ou que você é maluca.
No abuso psicológico, a ideia é te desestabilizar
Seja qual for a finalidade do abusador, manter controle sobre você, te excluir das interações sociais das quais vocês fazem parte, ou te tirar do caminho dele porque te enxerga como alguém que o impede de ter sucesso profissional, as ações dele sempre consistirá em um jogo psicológico que te fara questionar tudo, te fara se sentir insegura, amedrontada, sozinha.
Ele te isolara ao ponto de você temer procurar ajuda, e como garantia para que isso não aconteça, ele pode te fazer acreditar que as demais pessoas do convívio de vocês, estão contra você, ou que elas dividem das mesmas opiniões que ele a seu respeito, ou que elas não irão acreditar na sua palavra, ou que terão dificuldade em entender que você está passando por alguma violência.
O que pode ser a realidade, pois enquanto você seguia sendo manipulada, deixando passar episódios de micro agressões, para os demais, a relação entre você e o abusador não apresenta questões problemáticas ou agressivas, porque o abusador manipula ao ponto de fazer parecer natural todas as suas ações.
E ele se fortalece ao passo que você também reage de forma natural, aliás ele conta com isso, com um certo pacto de silencio entre vocês, ele trabalha para que isso aconteça quando se utiliza de estímulos positivos para te confundir, e para caso mais tarde você decidir dar um basta e o responsabilizar por essas ações, ele questionará suas queixas, suas denúncias e até a sua sanidade, e provavelmente trabalhará para que todos também o faça.
Sua autodefesa começa ao se afastar
Se for possível, a primeira atitude de autodefesa que você deve tomar é se afastar, mesmo que você ainda tenha dúvidas sobre as intenções dessa pessoa, e mesmo que acredite que ela não é tão má assim, a partir do momento em que você passa a questionar sua sanidade, sua personalidade, sua essência, algo não esta bem na relações que vocês vivenciam, e você não pode ser alguém tão errada ao ponto de ter todas as suas dores e incômodos diminuídos por quem te fere.
Mesmo se for possível romper vínculos com essa pessoa, entenda que você necessita cuidar da sua saúde mental, a manipulação sistemática e as violências constantes certamente te adoeceram, e por mais que você acredite que toda confusão mental e sofrimento desaparecerão porque você não se encontrar mais em situação de abuso, isso não é verdade, pois você ainda se encontrará fragilizada, e talvez possa sentir raiva ao se dar conta de tudo que lhe aconteceu.
A única maneira realmente eficaz de se recuperar é buscar ajuda profissional, pois assim será possível identificar quais os efeitos as violências causaram em você, e como lidar com essas questões.
Uma rede de apoio formada por profissionais e pessoas que você considera confiáveis também será essencial para a recuperação da sua autoconfiança, e da sua confiança com às demais pessoas, tenha em mente que esse auxílio te proporcionara ferramentas para lidar com o ocorrido, e que essas ferramentas serão necessárias para seu processo de superação.
Imagem: Pixabay