Murilo Benício quer dar humor a vilão de ‘Pantanal’ e ‘ir além da estupidez’ | Manual da Mulher
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Murilo Benício quer dar humor a vilão de ‘Pantanal’ e ‘ir além da estupidez’

Murilo Benício quer dar humor a vilão de ‘Pantanal’ e ‘ir além da estupidez’

O papel de vilão chega num momento de transição para Benício que em sua última novela, “Amor de Mãe” (2019), viveu Raul, um cara do bem e boa praça que nunca levantava a voz para ninguém

Duro, agressivo, politicamente incorreto e com caráter bem duvidoso. É dessa forma que o ator Murilo Benício, 50, descreve o seu mais novo personagem, o vilão Tenório da novela “Pantanal”, cuja estreia está programada para o final de março na Globo. A data inicial teve que ser adiada, após casos de Covid no elenco.

Segundo ele, o homem não medirá esforços para conseguir o que quer e passará por cima de valores e de quem quer que seja na trama de Bruno Luperi.

O autor assumiu a responsabilidade de escrever o remake da versão de “Pantanal” de seu avô, Benedito Ruy Barbosa, que foi ao ar em 1990 na extinta Manchete.

“Não vi a primeira versão da novela, pois nessa época eu morava nos Estados Unidos. Só ouvi falar do fenômeno que era. Mas agora eu não quis ver para não me influenciar. Prefiro fazer do zero. Não me sentiria a vontade, pois até sem querer poderia imitar”, conta Benício em conversa com a reportagem sobre o papel, que na primeira versão foi de Antônio Petrin.

Tenório Nogueira, um cara cheio de preconceito, sustenta uma família paralela em outra cidade enquanto dita normas conservadoras na própria casa. A principal característica dele e que ficou marcada na versão original é o fato de ele se referir à esposa, Maria, como “Bruaca”. Enquanto em 1990 a personagem foi interpretada por Ângela Leal, agora será vivida por Isabel Teixeira.

Mas, embora seja um homem desprezível, Tenório terá pitadas de humor. E esse detalhe foi colocado de forma proposital por ideia do próprio Benício. “Vou colocar humor nesse cara para ele ir além da estupidez e dar uma graça. Não quero que seja um vilão leve, apenas para ter alguma coisa diferente da arrogância dele. Deixar a coisa mais gostosa de ser vista”, opina o ator.

O papel de vilão chega num momento de transição para Benício que em sua última novela, “Amor de Mãe” (2019), viveu Raul, um cara do bem e boa praça que nunca levantava a voz para ninguém. “Mudar é excelente, não existe dificuldade, mas precisa permanecer interessante ao telespectador”, avalia.

Ele conta que no dia anterior a essa entrevista havia gravado uma cena em que Tenório destilava sua dureza e seus valores equivocados. Em determinado momento, ele e parte do elenco tiveram de parar, pois caíram na gargalhada.

“Ele é tão politicamente incorreto, os valores dele são tão equivocados que chega a ser engraçado. É um terreno que não visito faz algum tempo”, emenda o ator cujo último personagem que beirava a vilania foi Jaime da minissérie “Amores Roubados” (Globo, 2014).

A composição do atual papel também foi muito interessante. Murilo Benício diz gostar de escutar muita gente antes de decretar o estilo e o caminho a serem seguidos para caracterização de cada trabalho. E com Tenório isso surgiu quase como uma brincadeira nos bastidores.

“Grande parte do começo desse personagem veio de conversas com a nossa figurinista Marie Salles. Ela já havia me ajudado na época do Tufão [de ‘Avenida Brasil’, em 2012]. Estávamos falando que o Tenório veio do Paraná, não se sabe se fugido, mas sabemos que tem passado duvidoso. Resolvemos colocar um boné em vez de chapéu e óculos esquisitão, pois do Pantanal ele não é”, diverte-se o artista.

A composição do figurino, como num passe de mágica, fez com que Murilo tivesse ideias mais esclarecidas sobre como deveria ser o tipo daquele cara, uma espécie de empurrão para que pudesse deslanchar e mostrar a verdadeira cara de Tenório nas cenas.

“Às vezes você dando a primeira opinião sobre seu trabalho já consolida um cenário. Se deixar em aberto e ouvir mais, você pode mudar completamente o percurso para melhor. Isso enriquece muito”, afirma.

O ator finaliza ao comparar o Tenório da dramaturgia com muitos outros Tenórios que possam existir por aí. “Inclusive estamos vendo agora nossa nação sendo levada por um deles”, diz. “Quando tive uma conversa com o Bruno, o autor, eu falei que ele poderia pesar na mão mesmo, pois esse cara existe e está em tudo quanto é lugar. Antes adormecidos, mas agora reaparecendo”, conclui.