Danny Bond quer resgatar raiz nordestina e fala de hate | Manual da Mulher
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Danny Bond quer resgatar raiz nordestina e fala de hate

Danny Bond quer resgatar raiz nordestina e fala de hate

A cantora poderá estar ao lado de Doja Cat no palco do Lollapalooza Brasil deste ano

Após um ano significativo para a promoção de sua carreira, Danny Bond, 24, se prepara para um 2022 cheio de novidades. Para além do possível encontro com Doja Cat no palco do Lollapalooza Brasil deste ano, a cantora transexual participou há cerca de um mês do feat “Barbie” com Rebecca, Pocha e Lexa, e se prepara agora para a estreia de seu 2º disco.

Danny quer fazer diferente do álbum, que chega entre junho e julho deste ano, cinco anos após o EP “Epica”. O nome e data ainda são secretos, mas ela adiantou ao F5 que será um trabalho voltado às raízes nordestinas, com 11 faixas que mostrarão “uma nova face” sua.

“A galera que espera músicas ‘das antigas’ irá se surpreender, porque o disco trará muito sentimento, músicas de amor e ritmos regionais do Nordeste. Fala muito sobre o que vivi e estou vivendo”, contou ela, garantindo um trabalho bastante autoral e com músicas escritas por si.

Danny cresceu na favela do Bolão, em Alagoas, e iniciou sua carreira em 2015 com paródias engraçadas de músicas de sua artista preferida, Nicki Minaj. Desde que se mudou para São Paulo, há um ano, ela sentiu que “a ficha caiu” sobre a seriedade de seu trabalho e como ela tem se sustentado exclusivamente dele.

“Desde pequena eu sempre falava que queria ser famosa, mas não sabia como iria ser. Sempre fui muito criativa, criava paródias e versões de música. E, numa dessas, criei a versão do rap da Nicki Minaj [em “Say So”, música de Doja Cat], que estourou na minha cidade e eu comecei a perceber que era isso que eu queria”, contou. Aqui, ela cita o “mashup” (quando uma música é sobreposta ao instrumental de outra) que fez com sua canção “Tcheca”. “Acreditava que uma hora ia vingar, e vingou”.

Uma de suas músicas, inclusive, lhe rendeu até o título homônimo de “Rainha do Jacintinho”. “O nome pegou, e até hoje sou considerada a rainha do bairro Jacintinho em Maceió. Sempre que volto para lá, é uma festa. A galera me acompanhou nesse processo, então é uma inspiração”, conta.

Mas Danny, que cresceu como Daniela em Maceió, sabia que precisava de um nome mais forte e fixo para se definir no cenário. “Todo mundo já me chamada de Danny, e naquela época havia uma minissérie da Globo [“Felizes para Sempre?”] em que Paolla Oliveira interpretava uma prostituta, e eu me identificava muito com ela. Então defini esse nome [Danny Bond, o mesmo da personagem]. Hoje em dia, Paolla já sabe quem eu sou e abençoou o nome. Ela amou e disse que ouve minhas músicas também, então me sinto realizada”.

Atualmente, ela também adota o apelido “Balck Barbie” nas redes sociais, uma referência a Nicki Minaj -uma vez que a cantora usa esse termo frequentemente- e pela parceria que Danny faz em “Barbie”.

“Quando Rebecca escreveu “Barbie”, ela disse que era a minha cara e pediu para a gravadora me convidar. No início eles tinham outros nomes e acho que não conheciam a fundo o meu trabalho -muita gente acha que meu trabalho é meme ou brincadeira. Mas a música hoje em dia é meu sustento, meu trabalho, então aos poucos aprendi a levar a sério”.

‘HATERS’

No início de março, Danny Bond fez um desabafo em seu Twitter falando sobre algumas ofensas que recebe nas redes sociais. “Sabe qual é a verdade que essas gays do Twitter não aceita? É que eu estou conhecendo e sendo reconhecida por todos esses artistas que elas são fãs e elas nem vão sentir pelo menos o cheiro, me deixem em paz só quero fazer meu corre”, escreveu. “Tô cansada de ser atacada por simplesmente por fazer meu trabalho”.

Na ocasião, ela se referia às negociações sobre a possibilidade de ela subir ao palco do show de Doja Cat no Lollapalooza 2022, por causa do “mashup”.

“No começo [da carreira], confesso que o ‘hate’ mexia muito comigo”, contou ela ao F5. “Eu chegava a acreditar nas coisas que essa galera falava. Mas são pessoas que nem consomem meu trabalho, que só querem criticar. Não estou nem aí, porque isso não vai me parar e continuarei incomodando”.

“A galera ainda não está pronta para ver uma travesti furando a bolha, estando em locais que são nossos por direito”, continuou. “Quando pequena, eu não via uma trans ou travesti na música. Hoje em dia há várias irmãs minhas, e agora estou ocupando esse espaço. Mas a galera não está acostumada e nem sempre recebe de uma boa forma. Mas vão ter que aceitar, porque eu vim para fazer barulho e causar mesmo”.

BBB Assim como outras celebridades, Danny Bond tem acompanhado o Big Brother Brasil 22 e, sem relutar, declara torcida para a amiga Linn da Quebrada. “Tínhamos conversado antes de ela ir, no Whatsapp, e ela estava dizendo que não ia. Mas eu sabia. E isso é uma felicidade muito grande para todas nós da comunidade. Minha torcida continua sendo só para ela”.

Sobre o jogo, ela afirma entender algumas atitudes de Linn. “O jogo dela é ótimo, ela não está errando em nada. Inclusive, estou achando ela com muita paciência para certos tipos de pautas. Porque mesmo a Lina tendo uma tatuagem escrita “Ela” na testa, num programa nacional, as pessoas erram o pronome dela”, afirmou.

“Ela está tendo muita calma e paciência de estar explicando. Eu mesma, se estivesse no lugar dela, já estava expulsa. Não teria a mesma paciência”, continuou Danny, citando a contradição na facilidade dos confinados em pronunciar o nome de Eslovênia. “O nome da menina é Eslovênia e o povo chama ela por esse nome, mas não consegue chamar a Lina por ‘ela’. Pelo amor de Deus!”